A Azul (AZUL4) enfrenta mais um dia de desvalorização, registrando uma nova queda de dois dígitos já na primeira hora de negociação nesta sexta-feira (25). No dia anterior, a companhia aérea havia encerrado o pregão com uma queda de 24%.
Por volta das 11h30 (horário de Brasília), as ações despencavam 13,56%, cotadas a R$ 2,04.
Sem novos anúncios nesta sexta-feira, o foco do mercado continua sendo o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da empresa, que representa mais um passo na reestruturação financeira.
A operação, finalizada na noite de quarta-feira (24), arrecadou R$ 1,66 bilhão, com a emissão de 464 milhões de novas ações. Assim, o capital social da companhia aérea será elevado para R$ 7,13 bilhões.
Ao anunciar a oferta de ações, a Azul revelou que inicialmente planejava emitir cerca de 450 milhões de ações preferenciais, podendo esse número aumentar para aproximadamente 700 milhões, o que permitiria à operação gerar até R$ 4,1 bilhões.
Apesar desse potencial, apenas uma parte desse volume adicional foi utilizada.
Os analistas André Ferreira, do Bradesco BBI, e Wellington Lourenço e Larissa Monte, da Ágora Investimentos, ressaltam que a oferta é uma estratégia para converter uma dívida de R$ 1,6 bilhão (US$ 275 milhões) relacionada a notas com vencimento em 2029 e 2030 em ações.
“Apenas R$ 48 milhões foram subscritos, o que significa que a Azul continuará com cerca de US$ 100 milhões em dívidas, exigindo uma nova emissão de capital de US$ 200 milhões ou mais para realizar uma nova equitização (conversão de dívida em ações)”, afirmam os analistas.
A XP Investimentos observa que a baixa demanda dos acionistas existentes resultou em um aporte de capital inferior ao esperado por parte dos novos investidores.
De acordo com a equipe de analistas liderada por Pedro Bruno, a alavancagem da empresa deve reduzir apenas 0,4 vez na relação entre dívida líquida e Ebitda. É importante lembrar que a alavancagem refere-se ao uso de recursos de terceiros na operação da empresa.
Esse indicador é calculado pela razão entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Quanto maior for esse número, maior será o risco financeiro associado.
No último relatório financeiro da Azul, referente ao quarto trimestre de 2024 (4T24), a alavancagem foi registrada em 4,9 vezes. Com a operação de follow-on, a companhia pretendia reduzir esse índice para 3,4 vezes.
Entretanto, as projeções da XP indicam que o número deverá cair para 4,5 vezes na relação entre dívida líquida e Ebitda.