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Declarações conflitantes nas negociações entre EUA e China aumentam confusão comercial global

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou em uma entrevista publicada na sexta-feira (25) que as negociações tarifárias com a China estavam em andamento. No entanto, Pequim negou a existência de qualquer conversa, o que representa mais um sinal de contradição sobre o progresso nas tentativas de aliviar uma guerra comercial que pode prejudicar o crescimento global.

Trump mencionou à revista TIME que as negociações estavam em curso e que o presidente chinês, Xi Jinping, havia entrado em contato com ele por telefone. Ele reiterou essa afirmação para repórteres ao deixar a Casa Branca na manhã de sexta-feira, a caminho de Roma para o funeral do papa Francisco.

Em resposta, a China publicou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores através de sua embaixada nos EUA, afirmando: “A China e os EUA NÃO estão realizando consultas ou negociações sobre #tarifas. Os EUA devem parar de criar confusão.”

Mais tarde, durante uma conversa com repórteres a bordo do Air Force One, Trump comentou que seria uma grande vitória se a China abrisse seus mercados para produtos americanos e que as tarifas poderiam facilitar isso.

“Liberem a China. Deixem-nos entrar e explorar a China”, afirmou ele. “Isso seria excelente. Seria uma grande conquista, mas nem sei se vou pedir, porque eles não querem abrir suas portas.”

Esse vai e vem aumentou a incerteza em torno da política tarifária inconsistente de Trump, não apenas em relação à China, mas também para os vários países que tentam negociar acordos para amenizar os altos impostos sobre importações que ele impôs desde seu retorno à Casa Branca em janeiro.

Sua equipe de negociadores estava engajada em um intenso ciclo de negociações comerciais com autoridades estrangeiras que participaram das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial em Washington esta semana.

O Wall Street Journal, citando fontes anônimas que têm conhecimento sobre o tema, relatou que o representante comercial dos EUA está buscando acelerar as negociações, estabelecendo categorias amplas para discussão: tarifas e cotas; barreiras não tarifárias ao comércio, como regulamentações sobre produtos americanos; comércio digital; regras de origem para mercadorias; e questões de segurança econômica e comércio em geral. Além disso, o órgão pretende focar em uma lista de 18 países que já apresentaram propostas formais.

Um membro da equipe do representante comercial informou à Reuters que o governo está “operando dentro de uma estrutura organizada e rigorosa, avançando rapidamente com parceiros comerciais dispostos”. O funcionário destacou que os objetivos dos EUA foram claramente comunicados a outros países e que há uma boa compreensão do que cada um pode oferecer individualmente.

Entretanto, enquanto assessores de Trump, incluindo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, falavam sobre sinais de progresso acelerado, muitos de seus colegas adotavam uma postura mais cautelosa. Os ministros das Finanças que participaram do encontro do FMI estavam voltando para casa com um senso renovado de urgência para mitigar os riscos associados às tarifas.

“Saio dessas reuniões com uma compreensão clara do que está em jogo e dos riscos que ameaçam empregos, crescimento e padrões de vida ao redor do mundo”, declarou o ministro das Finanças da Irlanda, Paschal Donohoe, à Reuters. “As discussões aqui… me lembraram da importância de fazermos tudo o que pudermos nas próximas semanas e meses para reduzir essa incerteza.”

EUA x China: Alívio na guerra comercial

Embora o impacto dos acordos em negociação ainda seja incerto, começaram a surgir indícios de uma possível desescalada nas tensões comerciais.

Recentemente, a China isentou algumas importações dos EUA de tarifas elevadas. Grupos empresariais relataram que Pequim permitiu a entrada de certos produtos farmacêuticos americanos sem a cobrança das taxas de 125% que foram impostas no início do mês, em resposta às tarifas de 145% aplicadas por Trump sobre as importações chinesas.

Além disso, circulou entre empresas e associações comerciais uma lista com 131 categorias de produtos que poderiam receber isenções. A Reuters não conseguiu confirmar a veracidade dessa lista, que inclui itens como vacinas, produtos químicos e motores a jato. A China ainda não se manifestou publicamente sobre essa questão.

Nos últimos dias, o governo Trump também indicou uma intenção de reduzir as tensões com a China. Scott Bessent afirmou que ambas as partes reconhecem que a situação atual é insustentável.

Enquanto isso, Trump declarou a repórteres na Casa Branca que está próximo de alcançar um acordo com o Japão. Analistas consideram isso um “teste” para futuros acordos comerciais bilaterais, embora as negociações possam ser desafiadoras. Há expectativas de que o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba e Trump possam anunciar um pacto durante a cúpula do G7 no Canadá em junho.

Trump também mencionou à revista TIME ter fechado “200 acordos” que seriam finalizados em três a quatro semanas, embora não tenha fornecido detalhes adicionais. Ele afirmou que consideraria uma “vitória total” se, dentro de um ano, as tarifas continuassem entre 20% e 50%.

O presidente argumenta que essa série de barreiras comerciais irá revitalizar as indústrias manufatureiras dos EUA, que foram afetadas pela concorrência global. No entanto, muitos economistas alertam que essa abordagem pode resultar em preços mais altos para os consumidores americanos e aumentar o risco de uma recessão.

Na última sexta-feira, os índices acionários dos EUA fecharam em alta, mas ainda assim registraram uma queda aproximada de 10% desde que Trump assumiu o cargo em janeiro, ficando atrás de índices de outros países. O dólar também experimentou uma desvalorização significativa.

As tarifas impostas por Trump foram um tema central nas discussões durante as reuniões do FMI nesta semana, onde ministros das Finanças buscaram encontros individuais com o secretário do Tesouro dos EUA.

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