Desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, o bitcoin (BTC) e o mercado de criptomoedas enfrentaram dificuldades. Apesar de sua postura favorável às criptomoedas, a política de guerra comercial contra a China e outros países acabou afetando negativamente os investidores.
Após atingir máximas históricas em 20 de janeiro deste ano, o preço do bitcoin caiu mais de 20%, refletindo o desempenho negativo das bolsas ao redor do mundo e gerando incertezas no mercado.
As criptomoedas não deveriam ser uma alternativa ao sistema financeiro tradicional? Por que, então, estão se comportando como ações?
Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset, explicou essa questão em uma entrevista ao Crypto Times, abordando a teoria do “decoupling” das criptomoedas.
No contexto financeiro, “decoupling” refere-se à redução da correlação entre ativos. Em outras palavras, seria o “descolamento” do bitcoin em relação ao desempenho das bolsas e de outras ações tecnológicas ou ativos correlacionados.
“Isso ainda não ocorreu porque, em tempos de crise, os ativos tendem a se mover juntos”, observa Fleury. Ele acrescenta que esse fenômeno não faz sentido para o bitcoin: “Não é possível taxar o bitcoin. Na verdade, ele é um instrumento de livre negociação.”
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Bitcoin (BTC): o ouro digital
Fleury acredita que situações como a intensificação da guerra comercial atual e a possibilidade de uma crise econômica podem reforçar a ideia de que o bitcoin é um ativo seguro.
“Eu acredito que, em comparação ao S&P 500 e ao Nasdaq, o bitcoin deve apresentar um desempenho superior nos próximos meses”, afirma o executivo da QR Asset, referindo-se à ideia de que o bitcoin é o “ouro digital” devido à sua escassez programada.
“Em algum momento, a tese do ouro digital será aceita. A grande questão é saber quando isso acontecerá”, ele comenta.
Quanto à altseason, que é o período em que as moedas alternativas ao bitcoin se valorizam, Fleury menciona que as altcoins foram “dizimadas” devido aos problemas recentes enfrentados no mercado.
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Para ele, essas criptomoedas alternativas se assemelham mais a ações do que ao BTC, uma vez que apresentam maior volatilidade e são considerados investimentos de maior risco.
No entanto, Fleury acredita que existe um potencial de valorização assim que a fase mais crítica de incertezas for superada. “Acredito que ainda não vimos uma avaliação completa de todas as melhorias regulatórias que podem surgir nos Estados Unidos após a eleição de Trump”, observa.
Ele menciona a proposta de criação de uma reserva estratégica de bitcoin (Bitcoin Act 2025), apresentada pela senadora Cynthia Lummis, além do GENIUS Act, que visa estabelecer diretrizes específicas para stablecoins e revogar a regra do IRS (equivalente ao Imposto de Renda nos EUA) que restringia o desenvolvimento do ambiente de finanças descentralizadas (DeFi).