O exemplo que distingue a aquisição de uma ação motivada apenas por uma euforia passageira das estratégias realmente embasadas em valuation e na qualidade das empresas.
Dizem que a Páscoa é um momento propício para reflexão. Coincidência ou não, recentemente comecei a ponderar sobre o primeiro Sextou de Páscoa e como aquele evento pode nos ajudar a compreender melhor as oportunidades e armadilhas do mercado financeiro.
Era 2020, e estávamos em lockdown, uma das situações mais desafiadoras que enfrentamos.
Enquanto algumas empresas de alta qualidade sofriam grandes desvalorizações, outras “tendências” da pandemia alcançavam valuations completamente exagerados e desconexos.
As ações brasileiras que estavam enfrentando dificuldades e que recomendei para compra foram Itaú (ITUB4) e Localiza (RENT3). Por outro lado, a empresa “tendência” da qual aconselhei a manter distância foi o Zoom, a plataforma de videoconferências que fez sucesso durante a pandemia.
O que ocorreu com essas ações cinco anos depois? Mais relevante ainda, como essa experiência pode nos preparar para um novo desafio: o aumento de tarifas promovido por Trump?
Não foi a Páscoa: o longo prazo ajudou
Como dizem, uma imagem vale mais que mil palavras.
O Zoom foi indiscutivelmente uma das empresas que mais se beneficiou com a pandemia, uma vez que todas as reuniões passaram a ocorrer online nesse período. No entanto, tudo tem seu preço, e com um valuation de 150 vezes seus lucros, esse valor parecia excessivo em março de 2020.
O longo prazo parece ter concordado com essa avaliação, já que, desde então, as ações da empresa caíram 42%, mesmo com milhões de usuários utilizando a plataforma ao redor do mundo.
Por outro lado, Itaú e Localiza enfrentaram impactos negativos devido à pandemia, mas apresentavam uma combinação de qualidade e valuation que poderia reverter essa situação ao longo do tempo.
Nesse caso, o longo prazo também se mostrou favorável: Localiza valorizou-se em 45%, enquanto Itaú teve um aumento de 137% desde aquela Páscoa.
Esse episódio é significativo porque diferencia a compra de uma ação baseada apenas na euforia momentânea das teses realmente embasadas em valuation e na qualidade das empresas.
Euforias são empolgantes, mas costumam ser passageiras e geralmente terminam mal para os investidores. Por outro lado, teses bem fundamentadas tendem a ser mais monótonas e podem demorar um pouco para se concretizar. Contudo, são essas teses que realmente podem te ajudar a alcançar a tão desejada independência financeira.
Não é preciso ter bola de cristal
Se na época o foco era a pandemia, hoje o tema em destaque são as tarifas de Trump e seus possíveis impactos nas empresas.
Olha, não posso prever o que acontecerá no próximo mês, nem qual será a decisão após essa pausa de 90 dias, tampouco o efeito exato em cada companhia.
O que posso afirmar é que ações de empresas sólidas, que apresentam valuations atrativos, geralmente se beneficiam do longo prazo, como já observamos com Itaú e Localiza.
Ambas continuam sendo líderes em seus setores e possuem vantagens competitivas claras, mesmo diante de eventuais obstáculos que possam surgir ao longo do caminho.
E se você está curioso para saber se ainda recomendo Itaú e Localiza, a resposta é sim! Estou ansioso pela coluna de Páscoa de 2030.