A MRV (MRVE3) está passando por um dos seus piores períodos na bolsa desde, pelo menos, 2008, quando suas ações chegaram a ser negociadas a R$ 3. Atualmente, cotada em torno de R$ 5, a ação apresenta uma queda acumulada de 22% nos últimos 12 meses e uma desvalorização superior a 70% em relação ao seu pico histórico, alcançado em 2019. No entanto, executivos acreditam que essa queda é injustificada.
“Estamos sendo negociados a um valor ridículo hoje. Todos os 80 sócios têm plena convicção de que, em alguns anos, essa ação estará em níveis muito superiores ao atual”, afirmou Ricardo Menin, CEO da MRV, durante o MRV Day, realizado na terça-feira (16) em São Paulo.
Com 18 anos de presença na bolsa, a MRV se tornou a maior construtora residencial da América Latina, focando em habitação popular e desempenhando um papel fundamental no programa Minha Casa, Minha Vida.
Ao longo de sua trajetória, a empresa enfrentou diversos ciclos, com a entrada e saída de várias marcas do seu portfólio, como Log — que atualmente é uma empresa de capital aberto –, Urba, Luggo e Resia.
Durante esse período, as ações da companhia atingiram seu pico histórico em 2019, quando foram avaliadas em cerca de R$ 22.
A queda no preço das ações ocorreu devido a uma série de fatores, incluindo problemas surgidos durante a pandemia, que impactaram negativamente alguns projetos, além de um aumento acelerado nas taxas de juros e trimestres consecutivos de prejuízos da subsidiária americana Resia, que tem se tornado uma preocupação crescente para os analistas do mercado.
Outro indicador importante para os investidores, os dividendos, também têm sido raros nos últimos anos. Para se ter uma noção, 2022 foi o último ano em que a empresa distribuiu proventos aos seus acionistas.
Durante o evento, a empresa apresentou suas estratégias para melhorar os resultados e alcançar as metas estabelecidas. As ações incluem a venda de terrenos da MRV Incorporadora que estão ociosos, a comercialização de empreendimentos e a reestruturação da Resia.
Embora não tenham fornecido previsões específicas de vendas, esperam um leve crescimento em relação a 2024, que foi de R$ 10 bilhões, impulsionado pela venda de estoques e pelo foco em regiões metropolitanas.
Os executivos demonstraram forte confiança no potencial de valorização das ações, atualmente vistas como subvalorizadas, destacando o alinhamento de interesses entre os sócios e a expectativa de resultados futuros robustos como principais fatores catalisadores.
Apesar de reconhecerem os desafios recentes, a MRV está apostando em 2025 para retomar o crescimento e proporcionar valor aos acionistas.
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Quanto à possibilidade de pagar dividendos ou realizar uma recompra de ações para aumentar o valor para os acionistas, Menin comentou, em entrevista com jornalistas após a apresentação, que o foco principal é reduzir a alavancagem da empresa.
“Estamos priorizando a geração de caixa e a desalavancagem… neste ciclo de 2025/26”, afirmou.
O que acham os analistas?
Entre as 13 maiores instituições, seis delas recomendam “compra” para as ações da MRV, enquanto as outras sete mantêm uma posição “neutra”. Os preços-alvo para os papéis variam de R$ 6 a R$ 17.
Entre as instituições que têm uma perspectiva positiva sobre a ação, o Santander aponta que as projeções da MRV evidenciam o compromisso de transformar a empresa em uma “galinha dos ovos de ouro”, com margens e geração de caixa melhoradas, além de tornar a Resia uma plataforma mais eficiente e lucrativa.
Apesar do otimismo, os analistas ainda preferem Direcional e Cury entre as construtoras focadas em habitação de baixa renda, ressaltando que as preocupações relacionadas à Resia no curto prazo continuam a impactar negativamente as ações.
O BTG Pactual, por sua parte, ressaltou as novas condições do programa habitacional do governo, o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), como um fator positivo para as operações da empresa.
“Os estoques elegíveis para a ‘Faixa 1’ aumentarão cinco vezes, alcançando R$ 3 bilhões, enquanto as unidades aptas para a ‘Faixa 2’ crescerão 65%, totalizando R$ 3,5 bilhões. Isso se traduz em vendas mais robustas. A MRV também está redirecionando seu foco do segmento de renda média para a nova ‘Faixa 4’, e os programas regionais estão se tornando cada vez mais relevantes nas vendas”, afirmam os analistas que elaboraram o relatório.
INSTITUIÇÃO | PREÇO-ALVO | RECOMENDAÇÃO |
---|---|---|
BB Banco de Investimento S.A. | R$14,00 | Comprar |
BofA Global Research | R$12,00 | Comprar |
Bradesco BBI | R$11,00 | Comprar |
BTG Pactual | R$17,00 | Comprar |
Citi | R$6,40 | Neutro |
Itaú BBA | R$10,00 | Neutro |
JP Morgan | R$6,00 | Neutro |
Goldman Sachs | R$6,00 | Neutro |
Morgan Stanley | R$8,00 | Neutro |
Safra | R$7,90 | Neutro |
Santander | R$10,00 | Comprar |
UBS | R$7,00 | Neutro |
XP | R$10,50 | Comprar |