O varejo discricionário, que abrange produtos de consumo não essenciais, é um dos setores mais impactados pelas taxas de juros devido à sua natureza cíclica. Apesar das incertezas econômicas, o Safra acredita que o setor começou o ano de forma promissora e identifica boas oportunidades de investimento.
De acordo com os analistas do banco, o início do ano foi favorável para a receita das empresas desse segmento, com as vendas mantendo o desempenho consistente observado no quarto trimestre de 2024.
“Empresas que mostraram maior controle sobre custos e despesas, além de uma sólida geração de caixa em 2024, conseguiram se destacar entre os concorrentes”, afirmam.
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Entretanto, os riscos potenciais relacionados ao endurecimento do ciclo monetário continuam a gerar preocupações, uma vez que podem diminuir o poder de compra dos consumidores e desacelerar ainda mais a atividade econômica em 2025.
Esse contexto pode impactar negativamente diversas empresas, devido à sua forte dependência do ciclo econômico, conforme destacam os analistas.
“Diante disso, mantemos nossa preferência por empresas que apresentam vantagens competitivas superiores em termos de crescimento e que possuem um balanço patrimonial pouco alavancado”, afirmam.
As escolhas do Safra no varejo discricionário
A C&A (CEAB3) é a principal recomendação do Safra no setor de varejo, recebendo uma indicação de compra e um preço-alvo revisado, que vai de R$ 12 para R$ 16,50 por ação. Segundo a análise do Safra, CEAB3 apresenta uma combinação atraente de forte potencial de valorização e características defensivas.
Os analistas ressaltam que a varejista de moda teve um desempenho robusto em termos de lucros nos últimos trimestres e apresenta uma avaliação atrativa em comparação com outras empresas monitoradas, uma tendência que deve persistir.
A atualização das estimativas do banco reflete os resultados mais recentes de 2024 das companhias e as novas tendências observadas para 2025. O Safra rebaixou a recomendação para Lojas Renner (LREN3) de compra para neutra, reduzindo o preço-alvo de R$ 17,50 para R$ 14.
Em contrapartida, elevou a classificação de Guararapes (GUAR3) de neutra para compra, aumentando o preço-alvo de R$ 7,50 para R$ 8,50. “Estamos ajustando nossa preferência no setor de vestuário, pois as recentes alterações nas expectativas para ambas as empresas em 2025 fizeram com que os múltiplos da Lojas Renner se tornassem mais elevados, enquanto os da Guararapes se tornaram mais acessíveis”, afirmam os analistas.
No caso da Renner, o Safra identifica desafios relacionados à lucratividade em 2025 devido a despesas superiores ao esperado, impulsionadas por investimentos em marketing para alavancar as vendas e uma maior participação nos lucros.
Por outro lado, a Guararapes apresentou vendas robustas e eficiência nos custos na sua divisão de mercadorias, enquanto sua divisão financeira se recuperou em 2024 com uma expansão de margem de 9 pontos percentuais (p.p.), apesar do aumento de 2,6 p.p. nas despesas em relação às receitas. Para as demais ações analisadas pelo Safra, as classificações anteriores foram mantidas, com ajustes nos preços-alvo.
- Alpargatas (ALPA4) – Neutra, com preço-alvo de R$ 7,50, ante R$ 7
- Grupo SBF (SBFG3) – Neutra, com preço-alvo de R$ 12,50
- Azzas 2154 (AZZA3) – Compra, com preço-alvo de R$ 38, ante R$ 46
- Vivara (VIVA3) – Compra, com preço-alvo de R$ 26, ante R$ 27,50
- Smart Fit (SMFT3) – Compra, com preço-alvo de R$ 26, ante R$ 24