As ações da Azul (AZUL4) estão à frente das perdas no Ibovespa (IBOV) nesta quinta-feira (24), devido a uma série de eventos que afetam a empresa.
Mais cedo, a companhia aérea anunciou que arrecadou R$ 1,66 bilhão em sua oferta pública primária de ações preferenciais (follow-on), com a emissão de 464 milhões de novas ações.
A operação foi finalizada na noite de quarta-feira (23), com o preço por ação estabelecido em R$ 3,58. Com isso, o novo capital social da companhia aérea será de R$ 7,13 bilhões.
O objetivo é realizar a conversão obrigatória de títulos de dívida com vencimento em 2029 e 2030, que contam com garantia fidejussória da empresa. Em outras palavras, a Azul pretende fortalecer sua saúde financeira ao transformar parte dessas dívidas em ações, utilizando os novos papéis como forma de quitação.
Ao divulgar a oferta de ações, a companhia anunciou que inicialmente emitiria cerca de 450 milhões de ações preferenciais. Esse número poderia aumentar para aproximadamente 700 milhões, o que resultaria em uma movimentação de até R$ 4,1 bilhões.
Apesar do potencial dessa operação, apenas uma parte desse volume adicional foi efetivamente utilizada.
Além da sua reestruturação interna, a Azul também enfrenta um contexto global caracterizado por um menor apetite por risco, intensificado pela atual guerra comercial.
Codeshare Azul e Gol
Juntamente com o anúncio da oferta de ações da Azul, o tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu avaliar o acordo de compartilhamento de voos (codeshare) entre a Azul e a Gol (GOLL4), que teve início em meados de 2024.
Essa decisão segue a deliberação da Superintendência Geral do Cade, que optou por arquivar o procedimento de análise do acordo, limitando-se a determinar se o codeshare exigiria notificação obrigatória ao Cade.
Após essa decisão, o conselheiro Gustavo Freitas de Lima solicitou que o tribunal da autarquia revisasse o acordo. Essa solicitação foi aprovada por unanimidade na terça-feira (23).
De acordo com Freitas, o acordo de compartilhamento de voos entre as duas companhias pode indicar um “nexo associativo” entre elas, diferindo de uma relação típica de codeshare que envolve a prestação de serviços entre empresas.
Segundo o conselheiro, “o acordo se assemelha mais a um contrato associativo do que a um simples codeshare. Esses aspectos, identificados pela equipe técnica, ainda não foram avaliados por este Tribunal”, justificando assim a necessidade de uma análise mais detalhada.
Ainda está em andamento uma possível fusão entre as duas grandes empresas do setor aéreo. No final de janeiro deste ano, foi assinado um Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) para explorar uma potencial combinação de negócios.
Para que a fusão se concretize, ainda há etapas a serem cumpridas, incluindo a finalização do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos (Chapter 11).
A conclusão dessa operação depende também do consenso entre a Abra Group — holding que controla a Gol — e a Azul sobre os termos financeiros, além da realização satisfatória da due diligence, assinatura dos acordos finais e obtenção das aprovações corporativas e regulatórias necessárias, incluindo a autorização da autoridade antitruste brasileira.