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O aumento das tarifas promovido por Donald Trump trouxe um novo nível de volatilidade ao setor agropecuário

Há exatos 80 anos, em 1945, o bombardeiro americano “Enola Gay” realizou um voo que se tornaria histórico ao lançar bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Essa ação provocou uma catástrofe nuclear contra o então inimigo dos Estados Unidos, contribuindo para o fim da Segunda Guerra Mundial e sinalizando ao mundo que os EUA emergiam como uma nova potência dominante.

No dia 2 de abril, um ato do presidente Donald Trump, conhecido como “O Dia da Liberdade”, teve um impacto figurativo semelhante ao do ataque nuclear mencionado.

Dessa vez, o foco principal não era apenas reafirmar a posição dos Estados Unidos como uma potência global, mas também desestabilizar todo o sistema internacional que sustenta as trocas financeiras e a economia global desde o término da Segunda Guerra Mundial, um sistema que foi criado pelos próprios americanos durante a Conferência de Bretton Woods.

O tarifaço de Donald Trump e a economia global

De maneira geral, o tarifaço consistiu na imposição de tarifas sobre impostos de importação pelos EUA para produtos adquiridos por importadores americanos de diversas partes do mundo.

As tarifas adicionais variaram de 10%, a alíquota mínima aplicada a produtos do Brasil, até quase 50% para itens provenientes do Camboja e Vietnã.

A União Europeia enfrentou tarifas em torno de 20%, enquanto a China teve uma alíquota de 34%. Não faltaram declarações impactantes nem tarifas para ninguém na ofensiva “Trumpista” contra o sistema global de comércio e produção estabelecido após a guerra.

O efeito imediato dessa ação, além da surpresa e das retaliações, foi uma confusão generalizada. A incerteza nos preços, decorrente do aumento repentino dos custos fiscais, resultou em um “choque de oferta”, levando à elevação dos preços, segundo muitos economistas. Isso também gerou preocupações sobre o impacto potencial nos índices de inflação em várias economias ao redor do mundo.

Segundo economistas de renome, essa situação deve levar a uma ineficácia das políticas monetárias adotadas pelos bancos centrais em todo o mundo, em decorrência do aumento generalizado nos preços de matérias-primas e produtos acabados, gerando pressões inflacionárias de diversas naturezas.

Em um segundo momento, é provável que isso resulte em algum tipo de negociação, como parece ser o desejo do presidente americano, que busca ser visto como o “libertador” da economia dos EUA das amarras do globalismo. No entanto, essa abordagem pode ter um impacto severo nos valores dos ativos financeiros e não financeiros, nos níveis de atividade econômica, na oferta de crédito e na volatilidade das economias globalmente.

Começo do fim da “globalização” ou do chamado “padrão dólar”?

Diante da nova realidade, este colunista precisou parar para pesquisar, estudar e refletir, a fim de trazer algumas “tintas” e nuances sobre essa nova “hecatombe”, com o objetivo de ajudar nossos leitores a entender os impactos da decisão de Trump, especialmente no agronegócio brasileiro, que já enfrentava dificuldades por diversos outros motivos que discutimos recentemente nesta coluna.

Sinceramente, mesmo se tivesse uma bola de cristal, seria difícil prever todos os cenários possíveis a partir desse ponto. Contudo, é certo que o aumento da volatilidade e dos riscos nos negócios afetará o agronegócio brasileiro, visto que exportamos nossos principais produtos agrícolas não apenas para os EUA — agora com uma tarifa adicional de 10% — mas para o mundo todo. Um choque de oferta dessa magnitude pode impactar ainda mais os preços dos insumos e produtos agropecuários, como já vem acontecendo.

Além disso, a alteração brusca nos custos de produção nas cadeias globais e as promessas de retaliação influenciarão as negociações futuras. A cartada final do presidente americano pode ser vista como um “tiro no pé”, na modesta opinião deste colunista. E não podemos esquecer da possibilidade de que, em um futuro próximo, o “Padrão Dólar” nas trocas internacionais seja substituído por algo que nem conseguimos imaginar neste momento.

Volatilidade 4.0 na economia e no agronegócio

Por enquanto, o que podemos afirmar é que os mercados internacionais já estão sentindo, desde o último dia 3 de abril, os efeitos negativos desse ato unilateral. A volatilidade nos mercados atingiu níveis inimagináveis, mesmo para aqueles que, como este colunista, já estavam atentos ao fenômeno do “Trumpismo”.

A questão agora é que essa volatilidade alcançou um “novo patamar”, como diria um famoso atacante de um grande clube brasileiro. Isso gerou uma espécie de “Volatilidade 4.0” nos negócios e preços dos ativos, criando insegurança institucional e, consequentemente, mais incertezas jurídicas nas relações de comércio internacional. Além disso, há implicações no crédito e um afrouxamento da política monetária local para tentar mitigar o choque de oferta, o que apenas aprofunda os impactos negativos nas cadeias globais de produção e comércio, incluindo os produtos agropecuários.

Nesse contexto crítico, se considerarmos uma economia brasileira que depende dos superávits da balança comercial do agronegócio para gerir preços e a atividade econômica interna — base teórica para um ajuste fiscal que o Governo Federal insiste em promover, mas que na prática não se concretiza — podemos enfrentar consequências prejudiciais como flutuações cambiais. Isso resultaria em uma queda nas exportações e na entrada de divisas na balança comercial do país, levando à diminuição da atividade econômica interna e a um aumento das quebras de contrato e retração dos investimentos no agronegócio.

Super safra ainda é alento apesar do tarifaço

Por enquanto, o que podemos afirmar é que os mercados internacionais já estão sentindo, desde o último dia 3 de abril, os efeitos negativos desse ato unilateral. A volatilidade nos mercados atingiu níveis inimagináveis, mesmo para aqueles que, como este colunista, já estavam atentos ao fenômeno do “Trumpismo”.

A questão agora é que essa volatilidade alcançou um “novo patamar”, como diria um famoso atacante de um grande clube brasileiro. Isso gerou uma espécie de “Volatilidade 4.0” nos negócios e preços dos ativos, criando insegurança institucional e, consequentemente, mais incertezas jurídicas nas relações de comércio internacional. Além disso, há implicações no crédito e um afrouxamento da política monetária local para tentar mitigar o choque de oferta, o que apenas aprofunda os impactos negativos nas cadeias globais de produção e comércio, incluindo os produtos agropecuários.

Nesse contexto crítico, se considerarmos uma economia brasileira que depende dos superávits da balança comercial do agronegócio para gerir preços e a atividade econômica interna — base teórica para um ajuste fiscal que o Governo Federal insiste em promover, mas que na prática não se concretiza — podemos enfrentar consequências prejudiciais como flutuações cambiais. Isso resultaria em uma queda nas exportações e na entrada de divisas na balança comercial do país, levando à diminuição da atividade econômica interna e a um aumento das quebras de contrato e retração dos investimentos no agronegócio.

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